Aquela noite em que o Flamengo jogou com alma, não com nome
Tem jogo que é só jogo. Tem vitória que é só mais três pontos. Mas tem dia que o Flamengo resolve lembrar o mundo por que ele é o Flamengo. E foi exatamente isso que aconteceu em 06 de outubro de 2021, num estádio acanhado em Bragança Paulista, quando a gente meteu 3 a 1 no Bragantino — fora de casa, sem meia dúzia de titulares, e com a autoridade de quem manda no pedaço.
Era uma quarta-feira qualquer, mas pra quem é rubro-negro de verdade, foi uma daquelas noites que ficam. Daquelas que a gente lembra até onde tava sentado no sofá. Porque o time entrou em campo com desfalques pra dar e vender: Gabigol, Arrascaeta, Everton Ribeiro... tudo na seleção ou no DM. O pessoal da imprensa já vinha com aquele papo: “Agora o Flamengo vai tropeçar”, “Vamos ver se o elenco aguenta”, “Bragantino é pedreira”. E aí... bom, aí o Mengão foi lá e passou o rodo.
Logo no começo, Pedro mostrou porque é rei. Recebeu na área e mandou pra rede como quem diz “calma, eu tô aqui”. Nem dez minutos e já tava 1 a 0. Depois veio o Michael — que naquela fase parecia ter tomado uma dose dupla de Red Bull com DNA rubro-negro. Foi costurando, foi levando, meteu o segundo e saiu comemorando daquele jeito meio doido, meio gênio. 2 a 0, fora de casa, com time reserva. Tava fácil? Não. Tava com cara de Flamengo? Totalmente.
O Bragantino ainda tentou respirar, fez um gol, ensaiou uma reação. Mas aí Andreas Pereira, que tinha acabado de chegar e ainda tava com o sotaque londrino na ponta da língua, mandou um pombo sem asa lá do meio da rua. Golaço. Pintura. Tapão na mesa. Era 3 a 1 e fim de papo.
O que me marcou naquele jogo não foi só o placar — foi a postura. O Flamengo não entrou pra sobreviver. Entrou pra jogar bola. Pra impor respeito. Pra mostrar que quem veste esse manto, mesmo sendo "reserva", carrega a mesma responsabilidade: fazer história.
Ali foi mais que uma vitória. Foi uma daquelas partidas que você assiste sorrindo, mesmo nervoso. Que você comenta no grupo de WhatsApp com caps lock e emoji de fogo. Que você olha e pensa: “Rapaz, o Flamengo é diferente mesmo”. Porque a verdade é essa: quando todo mundo espera o tropeço, o Flamengo entrega espetáculo.
E o melhor: esse jogo foi um recado. Pro Atlético-MG, pro campeonato, pra imprensa, pra torcida que já tava meio desconfiada. Um lembrete de que o Flamengo não depende de nome, depende de entrega. Que elenco é luxo, mas alma é obrigação. E ali teve os dois.
No fim das contas, aquele 3 a 1 foi mais que resultado. Foi identidade. Foi raça. Foi talento. Foi Flamengo.
E se você não lembra desse jogo, faz um favor pra si mesmo: vai no YouTube e assiste de novo. Porque aquilo ali foi arte. Foi camisa pesada. Foi a prova de que quando o Flamengo joga com vontade, não tem pra ninguém. É sacode, é pressão, é Mengão no modo turbo.
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