Diziam que estava morto. Mais uma vez. E lá estávamos nós, ouvindo as mesmas vozes, as mesmas certezas, os mesmos discursos de sempre — “o time não tem mais alma”, “acabou a raça”, “esse Flamengo não é o de antigamente”. Mas quem entende o que é ser Flamengo sabe: quando o mundo diz fim , o Flamengo começa o prólogo da próxima virada. Porque o Flamengo tem esse dom antigo e quase místico de renascer das cinzas — não onde estava, mas onde achavam que ele estava. E se há algo que essa camisa ensina há décadas é que não há placar, crítica ou profecia capaz de sepultar o que nasceu pra ressurgir . Pega 1982. O cenário era hostil. Final do Brasileiro, jogo em Porto Alegre, contra o Grêmio, no Olímpico — o favorito era o time da casa. Mas aquele Flamengo era pura combustão. Zico, Nunes, Adílio, Andrade, Leandro… um time que jogava como se carregasse no peito não só o escudo, mas o peso de uma nação inteira. E quando o apito final soou, o Maracanã se fez ouvir até no Sul: Fl...
Como o torcedor do Flamengo virou um crítico profissional — e esqueceu como se comemora Lá pelos idos de 2019, eu achava que era feliz. Futebol bonito, time dominante, estádio em festa, o mundo parecia simples. Aí veio a modernidade: algoritmo, expectativa inflacionada, “opinião embasada” em thread de Twitter. E, de repente, ser flamenguista virou um fardo. Hoje, a cada escanteio errado, tem alguém decretando o fim da era. Cada empate vira crise institucional. Cada derrota é a prova irrefutável de que “nada presta mais”. 📉 O novo esporte: sofrer por antecipação O problema não é perder — é sofrer preventivamente . A torcida aprendeu a sofrer como quem investe na Bolsa: tenta prever o tombo antes de cair. “Esse time não ganha nada com esse técnico.” “Fulano já não é o mesmo de 2019.” “Nem adianta sonhar com título.” É a síndrome do pós-êxtase: quando a alegria intensa deixa sequelas emocionais. O sujeito viveu o auge e agora não aceita nada abaixo do paraíso. Ma...