Na Vila Belmiro, palco sagrado de Pelé, Neymar, Ganso e outros deuses do futebol brasileiro, ocorreu, em 27 de julho de 2011, um dos maiores jogos da história do Campeonato Brasileiro. Mas naquela noite, a camisa mais pesada do país falou mais alto. E não foi a do clube que revelou o Rei. Foi a do clube que virou religião. Flamengo e Santos duelaram em um jogo que parecia saído de um roteiro de cinema. Em 45 minutos, o placar marcava Santos 3 x 0 Flamengo . Neymar já tinha deixado um zagueiro no chão com um corte seco, marcado golaço, servido outro e parecia pronto para humilhar. Mas esqueceram de avisar o Santos que não se brinca com a mística rubro-negra. A armadura rubro-negra foi calçada Naquela noite, Ronaldinho Gaúcho não usava um uniforme qualquer. O manto sagrado vermelho e preto parecia ter descido do céu sobre seus ombros como uma armadura mística, a mesma que cobre gerações de heróis da Gávea. Com um sorriso debochado e a serenidade dos gênios, ele começou a arquitetar a ...
A discussão em torno da criação de uma liga de clubes no futebol brasileiro — dividida entre Libra e Liga Forte União (LFU) — se tornou refém de uma narrativa reducionista: tudo gira em torno da distribuição do dinheiro de TV e patrocínio . Mas por que outras questões essenciais de governança, organização esportiva e sustentabilidade de longo prazo foram deixadas de lado ? 1. A miopia da discussão: só se fala de dinheiro A obsessão por fatias do bolo midiático (direitos de TV, streaming, patrocínio) revela a imaturidade institucional dos clubes. A proposta de uma liga deveria partir de um modelo de governança sólido, com critérios técnicos de gestão, licenciamento, controle orçamentário, calendário, arbitragem, base, fair play financeiro e modelo esportivo unificado . Mas isso exige visão de longo prazo, e não barganha de curto prazo. No fim, Libra e LFU não são projetos esportivos, são blocos de negociação comercial travestidos de organização esportiva . A ausência de um pac...