Dizem que felicidade incomoda. E se isso for verdade, o Flamengo deve ser hoje a maior usina de incômodo já registrada na história esportiva do hemisfério sul.
Basta o Mengão respirar que já começa o chororô coordenado dos antis: “arrogância”, “soberba”, “time comprado”, “receita inflada”. É quase um coral desafinado, mas persistente — como mosquitos em dia de calor.
E no meio desse coro tem sempre ele, o filósofo da reclamação profissional: Abel Ferreira.
O homem que jamais perde — apenas é vítima de circunstâncias metafísicas.
Quando Filipe Luís desmontou o Palmeiras como quem troca uma lâmpada, o que ouvimos?
Nada parecido com “o Flamengo foi superior”.
Em vez disso, vieram parábolas, lamentos e analogias de autoajuda que fariam até a Carminha — digo, Leila — revirar os olhos.
Aliás, se tem alguém revirando os olhos nos bastidores, é ela mesma: a CEO emocional.
Imagina ver o Flamengo projetar quase o dobro de receita para o ano que vem…
Mesmo após a tungada industrial da Libra.
É o tipo de realidade que faz até quem perdeu R$100 milhões no Tigrinho pensar duas vezes antes de abrir a planilha.
Porque o Flamengo não é só grande: ele é inevitável.
É presença nacional em cada estado, em cada esquina, em cada boteco onde alguém fala “jogo hoje?” com um brilho no olho.
É sentimento que não precisa de tese, não se explica com Excel, não depende de narrativa.
O amor pelo Flamengo é cardíaco, não cognitivo.
Se torcer fosse exercício racional, convenhamos: todos torceriam pelo Flamengo.
Afinal, por que alguém escolheria voluntariamente ser infeliz?
Mas não.
Somos todos, menos alguns — e esses alguns sofrem, esperneiam, reclamam, inventam teorias conspiratórias, falam de fax, falam de VAR, falam de tudo…
Menos da própria incapacidade de lidar com a grandeza do Mengão.
E enquanto eles choram, a gente cresce.
Enquanto eles explicam, a gente decide.
Enquanto eles inventam desculpas, a gente levanta taças.
Porque o Flamengo não tenta ser gigante: o Flamengo simplesmente é.
Uma vez Flamengo…
Você já sabe.
Sempre Flamengo.

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