Na Vila Belmiro, palco sagrado de Pelé, Neymar, Ganso e outros deuses do futebol brasileiro, ocorreu, em 27 de julho de 2011, um dos maiores jogos da história do Campeonato Brasileiro. Mas naquela noite, a camisa mais pesada do país falou mais alto. E não foi a do clube que revelou o Rei. Foi a do clube que virou religião.
Flamengo e Santos duelaram em um jogo que parecia saído de um roteiro de cinema. Em 45 minutos, o placar marcava Santos 3 x 0 Flamengo. Neymar já tinha deixado um zagueiro no chão com um corte seco, marcado golaço, servido outro e parecia pronto para humilhar. Mas esqueceram de avisar o Santos que não se brinca com a mística rubro-negra.
A armadura rubro-negra foi calçada
Naquela noite, Ronaldinho Gaúcho não usava um uniforme qualquer. O manto sagrado vermelho e preto parecia ter descido do céu sobre seus ombros como uma armadura mística, a mesma que cobre gerações de heróis da Gávea. Com um sorriso debochado e a serenidade dos gênios, ele começou a arquitetar a virada.
Um passe aqui, um drible ali, um gol de falta de três dedos, por baixo da barreira, pura alquimia futebolística. Ronaldinho não jogou: encantou.
Enquanto isso, o goleiro Felipe entrava no jogo como personagem inesperado. Após uma cobrança de pênalti arrogantemente patética de Elano, que mais parecia ensaio de comédia do que lance de jogo, Felipe respondeu com embaixadinhas na pequena área. A ousadia virou símbolo: o Flamengo não estava apenas jogando, estava dominando mentalmente o adversário.
O gol perdido padrão Deivid
Nem mesmo o clássico “gol perdido estilo Deivid” (sozinho, debaixo da trave) foi suficiente para parar o exército rubro-negro. O time comandado por Luxemburgo se ergueu das cinzas como um exército veterano em batalha, empurrado pela Nação e blindado por sua história.
E quando o placar final estampou Santos 4 x 5 Flamengo, não era apenas um resultado. Era uma sentença. O Santos podia ter Pelé em sua galeria, mas o Flamengo tem a camisa que pesa mais que qualquer lenda.
Soberba punida, humildade exaltada
A soberba santista, embriagada por dribles e promessas de domínio, caiu diante da humildade guerreira da Nação. O Flamengo não se ajoelha, ele sobrevive, resiste e, quando menos se espera, vence. Porque há jogos que são lembrados por um ano. Outros, por uma geração. E poucos — muito poucos — são eternizados em mitologia.
Santos 4 x 5 Flamengo é um desses. Um jogo que será lembrado enquanto houver rubro-negros respirando. Porque naquela noite, o futebol se curvou à camisa mais temida do Brasil.

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